RELAÇÕES AFETIVAS NA ATUALIDADE

Relações afetivas - flores

Quero apresentar a você um conto, escrito por Claude Steiner, que traz reflexões riquíssimas sobre as relações afetivas que tem se estabelecido na atualidade. Cada vez que leio essa envolvente história, recheada de encanto e sabedoria, me convenço ainda mais da importância dos bons relacionamentos em nossas vidas.

Logo após o conto, você encontrará alguns pontos que devem te conduzir a uma reflexão que, com certeza, mudará o seu olhar sobre os relacionamentos que acontecem ao seu redor.

Boa leitura!

Uma História de Carícias

Era uma vez, há muito tempo, um casal feliz, Antônio e Maria, com dois filhos chamados João e Lúcia. Para entender a felicidade deles, é preciso retroceder àquele tempo.

Cada pessoa, quando nascia, ganhava um saquinho de carinhos. Sempre que uma pessoa punha a mão no saquinho podia tirar um Carinho Quente. Os Carinhos Quentes faziam as pessoas sentirem-se quentes e aconchegantes, cheias de carinho. As pessoas que não recebiam Carinhos Quentes expunham-se ao perigo de pegar uma doença nas costas que as fazia murchar e morrer.

Era fácil receber Carinhos Quentes. Sempre que alguém os queria, bastava pedi-los. Colocando-se a mão na sacolinha surgia um Carinho do tamanho da mão de uma criança. Ao vir à luz o Carinho se expandia e se transformava num grande Carinho Quente que podia ser colocado no ombro, na cabeça, no colo da pessoa. Então, misturava-se com a pele e a pessoa se sentia toda bem.

As pessoas viviam pedindo Carinhos Quentes umas às outras e nunca havia problemas para consegui-los, pois eram dados de graça. Por isso todos eram felizes e cheios de carinhos, na maior parte do tempo.

Um dia uma bruxa má ficou brava porque as pessoas, sendo felizes, não compravam as poções e unguentos que ela vendia. Por ser muito esperta, a bruxa inventou um plano muito malvado. Certa manhã ela chegou perto de Antonio enquanto Maria brincava com a filha e cochichou em seu ouvido: “Olha Antônio, veja os carinhos que Maria está dando à Lúcia. Se ela continuar assim vai consumir todos os carinhos e não sobrará nenhum pra você”.

Antônio ficou admirado e perguntou: “Quer dizer então que não é sempre que existe um Carinho Quente na sacola?”

E a bruxa respondeu: “Eles podem se acabar e você não os ganhará mais”. Dizendo isso a bruxa foi embora, montada na vassoura, gargalhando muito.

Antônio ficou preocupado e começou a reparar cada vez que Maria dava um Carinho Quente para outra pessoa, pois temia perdê-los. Então começou a se queixar de Maria, de quem gostava muito. E Antônio também parou de dar carinhos aos outros, reservando-os somente para ela.

As crianças perceberam e passaram também a economizar carinhos, pois entenderam que era errado dá-los. Todos ficaram cada vez mais mesquinhos.

As pessoas do lugar começaram a sentir-se menos quentes e acarinhados e algumas chegaram a morrer por falta de Carinhos Quentes. Cada vez mais gente ia à bruxa para adquirir unguentos e poções. Mas a bruxa não queria realmente que as pessoas morressem porque se isso ocorresse, deixariam de comprar poções e unguentos: ela então inventou um novo plano. Todos ganhavam um saquinho que era muito parecido com o saquinho de Carinhos, porém era frio e continha Espinhos Frios. Os Espinhos Frios faziam as pessoas sentirem-se frias e espetadas, mas evitava que murchassem.

Daí para frente, sempre que alguém dizia “Eu quero um Carinho Quente”, aqueles que tinham medo de perder o suprimento, respondiam: “Não posso lhe dar um Carinho Quente, mas, se você quiser, posso dar-lhe um Espinho Frio”.

A situação ficou muito complicada porque, desde a vinda da bruxa havia cada vez menos Carinhos Quentes para se achar e estes se tornaram valiosíssimos. Isto fez com que as pessoas tentassem de tudo para consegui-los.

Antes da bruxa chegar as pessoas costumavam se reunir em grupos de três, quatro, cinco sem se preocuparem com quem estava dando carinho para quem. Depois que a bruxa apareceu, as pessoas começaram a se juntar aos pares, e a reservar todos os seus Carinhos Quentes exclusivamente para o parceiro. Quando se esqueciam e davam um Carinho Quente para outra pessoa, logo se sentiam culpadas. As pessoas que não conseguiam encontrar parceiros generosos precisavam trabalhar muito para obter dinheiro para comprá-los.

Outras pessoas se tornavam simpáticas e recebiam muitos Carinhos Quentes sem ter de retribuí-los. Então, passavam a vendê-los aos que precisavam deles para sobreviver. Outras pessoas, ainda, pegavam os Espinhos Frios, que eram ilimitados e de graça, cobriam-nos com cobertura branquinha e estufada, fazendo-os passar por Carinhos Quentes. Eram na verdade carinhos falsos, de plástico, que causavam novas dificuldades. Por exemplo, duas pessoas se juntavam e trocavam entre si, livremente, os seus Carinhos Plásticos. Sentiam-se bem em alguns momentos, mas logo depois, sentiam-se mal. Como pensavam que estavam trocando Carinhos Quentes, ficavam confusas.

A situação, portanto, ficou muito grave…

Não faz muito tempo uma mulher especial chegou ao lugar. Ela nunca tinha ouvido falar na bruxa e não se preocupava que os Carinhos Quentes acabassem. Ela os dava de graça, mesmo quando não eram pedidos.

As pessoas do lugar desaprovavam sua atitude porque essa mulher dava às suas crianças a ideia de que não deviam se preocupar com que os Carinhos Quentes terminassem, e a chamavam de Pessoa Especial.

As crianças gostavam muito da Pessoa Especial porque se sentiam bem em sua presença e passaram a dar Carinhos Quentes, sempre que tinham vontade.

Os adultos ficavam muito preocupados e decidiram impor uma lei para proteger as crianças do desperdício de seus Carinhos Quentes. A lei dizia que era crime distribuir Carinhos Quentes sem uma licença. Muitas crianças, porém, apesar da lei, continuavam a trocar Carinhos Quentes sempre que tinham vontade ou que alguém os pedia. Como existiam muitas crianças parecia que elas prosseguiram seu caminho.

Ainda não sabemos dizer o que acontecerá…

– Os adultos forçarão as crianças a parar com sua imprudência?

– Ou se juntarão à Pessoa Especial e às crianças e entenderão que sempre haverá Carinhos Quentes, tantos quantos forem necessários? 

Do livro: A Carícia Essencial Roberto Shinyashiki – Editora Gente

Vale a pena Refletir:

– O amor sincero e verdadeiro nos nutre afetivamente, favorecendo uma vida mais saudável e aumentando nossa sensação de felicidade.

– Todos podemos dar e receber amor. Como seres humanos que somos, temos a capacidade de aprender a sentir esse sentimento na convivência com as pessoas que nos rodeiam. (Todos recebemos um saquinho de carinhos quentes quando nascemos).

– Podemos distribuir afeto verdadeiro, eles são inesgotáveis e não há contraindicação.

– A ausência do afeto nos coloca em risco de adoecermos.

– Adultos significativos exercem grande influência no comportamento das crianças – o poder do modelo é indiscutível. (as crianças foram deixando de distribuir carinhos quentes).

– A mentira tem um grande poder de destruição e se espalha perigosamente entre todos que acreditam ingenuamente, sem checar os fatos.

– Buscamos alternativas para lidar com as dificuldades e o sofrimento, e nem sempre essas alternativas são as melhores. Pagamos um alto preço por isso. (O saquinho de espinhos frios foi criado para atender aos interesses da bruxa, mas também eram “bons” para as pessoas porque evitavam que elas morressem).

– Nos dias de hoje, vemos pessoas enganando umas às outras, trocando espinhos frios como se fossem carinhos quentes. Vemos pessoas “vendendo” carinhos falsos, vemos pessoas se submetendo a eles porque acham que não são capazes de conseguir carinhos verdadeiros ou até duvidam que eles existam realmente…

– O contexto das relações atuais anda tão “doente”, que as pessoas que se comportam de maneira saudável (sincera, honesta, comprometida) parecem verdadeiros “ETs”. E em algumas situações se sentem culpadas, inadequadas e chegam a receber punições por apresentarem esses comportamentos.

– O que nós iremos fazer com essa realidade? Como iremos nos comportar?

– Não se deixe enganar pelas aparências. Buscar a essência das relações torna nossas vidas mais verdadeirasT

Relações afetivas - flores

RELAÇÕES AFETIVAS NA ATUALIDADE

Quero apresentar a você um conto, escrito por Claude Steiner, que traz reflexões riquíssimas sobre as relações afetivas que tem se estabelecido na atualidade. Cada vez que leio essa envolvente história, recheada de encanto e sabedoria, me convenço ainda mais da importância dos bons relacionamentos em nossas vidas.

Logo após o conto, você encontrará alguns pontos que devem te conduzir a uma reflexão que, com certeza, mudará o seu olhar sobre os relacionamentos que acontecem ao seu redor.

Leia Também »

Copyright © 2022 Renata Moreira

Powered by ALMS Tecnologia